Humildade de Espírito...
A humildade é o ingrediente
indefinível e oculto sem o qual o pão
da vida amarga invariavelmente na boca.
Amealharás recursos amoedados a
mancheias, entretanto, se te não
dispões a usa-los, edificando o
conforto e a alegria dos outros, na
convicção de que todos os bens
pertencem a Deus, em breve
converter-te-ás em prisioneiro do
ouro que amontoaste, erguido,
assim, à feição de teu próprio
cárcere.
Receberás precioso mandato de
autoridade entre as criaturas
terrestres, no entanto, se não
procuras a inspiração do Senhor
para distribuir os talentos da justa
fraternidade, como quem está
convencido de que todo o poder é
de Deus, transformar-te-ás, pouco a
pouco, no empreiteiro inconsciente
do crime, por favoreceres a própria
ilusão, buscando o incenso a ti
mesmo na prática da injustiça.
Erguerás teu nome no pedestal da
cultura, contudo, se te não inclinas à
Sabedoria da Eternidade, acendendo
a luz em benefício de todos, como
quem não ignora que toda
inteligência é de Deus, depressa te
rojas ao chavascal da mentira,
angariando em teu prejuízo a
embriaguez da vaidade e a
introdução à loucura.
Lembra-te de que a Bondade Celeste
colocou a humildade por base de
todo o equilíbrio da Natureza.
O sábio que honra a ciência ou o
direito não prescinde da semente
que lhe garanta a bênção da mesa.
O campo mais belo não dispensa o
fio d´água que lhe fecunda o seio em
dádivas de verdura.
E o próprio Sol, com toda a pompa
de seu magnificente esplendor,
embora fulcro de criação,
converteria o mundo em pavoroso
deserto, não fosse a chuva singela
que lhe ambienta no solo a força
divina.
Não desdenhes, pois, servir,
aprendendo com o Mestre Sublime,
que realizou o seu apostolado de
amor entre a manjedoura
desconhecida e a cruz da flagelação,
e serás contado entre aqueles para
os quais ele mesmo pronunciou as
inesquecíveis palavras:
“Bem-aventurados os humildes de
espírito, porque a eles mais
facilmente se descerrarão as portas
do Céu”.
Francisco Cândido Xavier. Da obra:
Intervalos. Ditado pelo Espírito
Emmanuel.
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